Em um mundo que precisa ser salvo, você sabe quem são os verdadeiros heróis atualmente?
Você sabe quem são e como agem os verdadeiros heróis atualmente? Em um mundo ameaçado, que precisa ser salvo, precisamos de mais pessoas capazes de atos heroicos. Será que você se candidata?
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Como agem os verdadeiros heróis?
Quer saber como comportam os verdadeiros heróis na sociedade? Quando falamos de heroísmo, já pensamos naqueles que não levam desaforo para casa, que são orgulhosos e resolvem tudo no grito e na força física, mas hoje eu quero falar de um tipo de heroísmo que requer muito mais coragem: o heroísmo pela bondade. Entenda neste vídeo do meu canal e a seguir vamos falar mais sobre isso.
A bondade vence
A bondade vence o mal, vence o ódio e vence toda a dureza de coração. A bondade não significa frouxidão, da mesma maneira que firmeza também não significa estupidez. “Só Deus é bom” (Mc 10, 18). Essas são as palavras que Cristo dirige ao jovem rico quando este O interroga sobre o caminho para a vida eterna. O jovem desejava uma orientação acerca do que é preciso ser feito para se alcançar a coroa do Céu. Reconhecendo a Sua sabedoria e a autoridade com que pregava, o rapaz Lhe diz: “Bom mestre, que farei para alcançar a vida eterna?” (Mc 10, 17). A resposta de Jesus, embora induza o leitor desatento a questionar a Sua divindade, transmite um ensinamento assaz importante: toda bondade tem como origem a Santíssima Trindade. Jesus, portanto, é um “bom mestre” não porque ensina coisas proveitosas, mas porque Sua doutrina vem da fonte da verdade, do Criador de tudo o que é bom e belo.
Se queremos ser bons, precisamos ter contato diário com a fonte de toda a bondade para, aí sim, vencermos o mal em nós e no mundo.
O homem, criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1, 26), participa da bondade do Senhor em grau muito mais elevado que as outras criaturas. Entretanto, ainda precisa se esforçar e contar com a graça de Deus para caminhar rumo à santidade, crescendo em bondade diariamente.
Mesmo tendo essa posição privilegiada diante das outras criaturas, a humanidade sofreu a mancha do pecado original, que provocou uma profunda desordem no seu coração. Dessa forma, as ações do ser humano ficaram dramaticamente inclinadas para o mal, de modo que aquele chamado de Deus à perfeição acontece de ser não somente negligenciado, mas até ignorado. Essas más inclinações, por sua vez, só podem ser superadas na medida em que o homem se dedicar à vida interior, ou seja, a uma intimidade generosa com a Pessoa de Cristo.
Precisamos vencer o mal com o bem
Há muitos desafios atuais para quem busca a virtude da bondade. Parece existir uma guerra acirrada contra qualquer coisa que lembre a caridade, a continência, a fidelidade, a sinceridade, a temperança e tantos outros bons hábitos. Repare, por exemplo, a maneira como os “heróis” costumam ser apresentados nos filmes, novelas e outros programas de entretenimento. Essas figuras são tão estereotipadas e cheias de afetações que chegam a causar desconforto em qualquer espírito viril e sensato, ao passo que os “vilões” aparecem muito mais interessantes: são inteligentes, charmosos, bem-sucedidos, fortes etc. Isso quando os papéis não se misturam, com heróis “pilantras” e vilões “piedosos”. Trata-se de uma estratégia realmente perversa de inversão de valores.
É preciso entender que a bondade é um atributo divino e, sem ela, nenhum cristão pode realmente exercer um ministério eficaz. Isso já deveria ser claro para os católicos pela quantidade de passagens da Sagrada Escritura e do Magistério que se referem ao amor e à misericórdia de Deus por Suas criaturas.
Foi justamente a bondade que Deus fez passar diante de Moisés, proclamando: “O Senhor, o Senhor [YHWH, YHWH] é um Deus clemente e compassivo, sem pressa para se indignar e cheio de misericórdia e fidelidade” (Ex 34, 6).
É neste sentido que o monge trapista Dom Jean Baptiste Chautard dedica parte de seu famosíssimo livro A alma de todo apostolado à busca da bondade.
No mesmo livro, Dom Chautard nos apresenta um relato tocante sobre o Papa São Pio X quem tem muito a nos ensinar:
“A um leigo eminente ouvimos contar o seguinte fato: Falando com S. Pio X, tinha esse leigo, no decurso da conversação, desfechado algumas palavras mordentes sobre um inimigo da Igreja. ‘Meu filho, disse-lhe o papa, não aprovo a sua linguagem. Como castigo, ouça esta história. Acabara de chegar a sua primeira paróquia um sacerdote que eu conheci muito bem. Julgou ele do seu dever visitar todas as famílias: judeus, protestantes, até mações, ninguém foi excluído, e o pároco anunciou do púlpito que renovaria a visita todos os anos. Tanto se admiraram disto os colegas dele que se queixaram ao bispo. Este mandou logo chamar o acusado e repreendeu-o com veemência. Excelência, respondeu-lhe modestamente o pároco, Jesus no Evangelho ordena ao pastor que conduza ao aprisco todas as suas ovelhas, oportet illas addúcere. Como lograr esse resultado sem ir à procura delas? De mais a mais, eu nunca transijo com os princípios; limito-me a testemunhar meu interesse e minha caridade a todas as almas, mesmo às desgraçadas, que Deus me confiou. Anunciei essas visitas do púlpito; e se é desejo formal de V.Exª que cesse de as fazer, queira ter a bondade de me dar por escrito essa proibição, a fim de que se saiba que eu apenas obedeço às ordens de V.Exª. Abalado pelo acerto das palavras, o bispo não insistiu. O futuro veio depois dar razão a esse sacerdote que teve a alegria de converter algumas dessas almas desgarradas e impôs às outras grande respeito pela nossa santa religião. O humilde sacerdote veio a ser, por vontade de Deus, o papa que agora lhe dá, meu filho, esta lição de caridade. Seja, pois inabalável nos princípios, mas estenda sua caridade a todos os homens, mesmo que sejam os piores inimigos da Igreja”.
Podemos perceber que a evangelização não depende tanto da eloquência e dos métodos do evangelizador, apesar de serem elementos importantes, mas do grau de unidade com que esse mesmo evangelizador se relaciona com Jesus. Um missionário cheio do Espírito Santo irradia a bondade de Deus e convence os corações, até os mais duros. É assim que agem os verdadeiros heróis, que combatem o mal com o bem, sustentados pela graça de Deus.
Referências:
Equipe Christo Nihil Praeponere. A bondade que todo cristão deveria ter. Padrepauloricardo. Cuiabá, 2016. Disponível em: <https://padrepauloricardo.org/blog/a-bondade-que-todo-cristao-deveria-ter/>. Acesso em: 01 dez. 2022.
CHAUTARD, Jean-Baptiste. A alma de todo apostolado. São Paulo: Cultor de Livros, 2015.