Venerável Fulton Sheen disse que a enfermidade e os momentos de crise podem ser usados por Deus para o bem da nossa alma. Vamos falar sobre isso?
Você se lembra de alguns episódios de Chaves? Nas divertidas histórias, em alguns momentos, Chiquinha falava delicadamente ao menino da vila: “Você só não é mais burro por falta de espaço”. Embora seja uma frase humorística, talvez ela tenha algum sentido prático, afinal, muita gente parece que só não comete mais pecados e só não se afunda em mais erros por falta de tempo, saúde ou dinheiro. Para alguém que só pensa em gastar a vida em algo que só prejudica, você entende que uma pausa neste proceder seria benéfica?
Deus pode usar o mal para o bem?
Se minha comparação inicial não foi das melhores, te convido a pensar mais profundamente sobre o mistério da graça de Deus agindo no meio de uma grande crise. Quando a doença obriga alguém a parar de pecar, quando uma pandemia obriga o viciado a reduzir seus “rolês”, quando uma guerra obriga o mundo a parar de falar de suas ideologias porque as pessoas não sabem se estarão vivas no próximo minuto, enfim, inúmeras tensões podem provocar um ponto de ruptura que faz o ser humano se voltar para questões mais fundamentais.
Venerável Fulton Sheen, no livro A paz da alma, nos ensina como a enfermidade e os momentos de crise podem ser usados por Deus para o bem da alma de alguém:
“A enfermidade, especialmente, pode ser uma abençoada precursora da conversão de uma pessoa. A enfermidade não apenas previne a pessoa de realizar seus desejos desordenados, mas chega até a reduzir sua capacidade de cometer pecados, suas oportunidades para o vício. Nesse forçado desapego do mal, que é uma Misericórdia de Deus, a pessoa dispõe de tempo para entrar em si mesma, avaliar sua vida e interpretá-la em termos de uma grande realidade. A pessoa considera Deus e, nesse momento, há um senso de dualidade, um confronto da própria pessoa com a Divindade, uma comparação dos fatos de sua vida com o ideal do qual esta decaiu. A alma é obrigada a olhar para dentro de si mesma, a indagar se não há mais paz neste sofrimento do que no pecado. Uma vez que um enfermo, em sua passividade, começa a perguntar ‘Qual é o propósito da minha vida? Por que estou aqui?, a crise já começou. A conversão torna-se possível no exato momento em que a pessoa deixa de culpar Deus ou a vida por seus problemas e começa a culpar a si mesma; ao fazer isso, se torna capaz de distinguir entre suas cracas pecaminosas e o navio de sua alma. Uma fresta surgiu na armadura de seu egoísmo; agora a luz do sol da graça de Deus pode ser derramada. Contudo, até que isso aconteça, as catástrofes nada podem nos ensinar além de desespero”.
Vamos falar sobre isso?
Venerável Fulton Sheen tem um jeito admirável de se expressar e suas palavras inspiradas parecem tocar em nossas questões mais íntimas. Parece claro que pessoas cercadas de conforto e regalias vão querer se ocupar de assuntos cada vez mais medíocres, criando cada vez mais problemas, tornando a existência insuportável. Por outro lado, quando vivem períodos difíceis, as pessoas passam a pensar no que é essencial a partir dos conflitos que vivem em seu interior. Bem, pelo menos é o que deveria ser, já que muita gente revela o seu pior em momentos de tensão. De uma forma ou de outra, Deus parece ser capaz de moldar qualquer situação para o bem daqueles que abrirem o seu coração.
Vamos falar sobre isso? O primeiro comentário será o meu mesmo, com minha experiência de ruptura que gerou a conversão. Role até o fim desta página para ler e também participe deixando a sua opinião.
Referências:
SHEEN, F. J. A Paz da Alma. 1ª Ed. São Paulo: Molokai, 2022.