Quem mora junto pode se confessar? Frei Gilson mostra o que a Bíblia diz
A Palavra de Deus não pode ser usada como uma massa de modelar nas mãos de falsos profetas que anunciam o erro. Portanto, embora alguns padres digam em Confissão que alguns pecados não são pecado, o que Deus revelou nas Sagradas Escrituras não pode ser alterado. Uma questão polêmica é se quem mora junto e vive a fornicação pode se confessar e comungar. O que você acha? Pode ou não pode? Em sua participação no SantoFlow Podcast Frei Gilson disse o que a Palavra de Deus determina sobre este assunto.
Os problemas espirituais precisam ser resolvidos
Frei Gilson, em participação no Santo Flow Podcast, disse: “Se até aquele cano que está vazando na sua cozinha está atrapalhando vocês e o marido às vezes fala: ‘não, deixa do jeito que está, vamos levando a vida’, se até isso incomoda, imagina uma situação espiritual que não pode deixar do jeito que está, ela tem que ser resolvida”.
A reflexão de Frei Gilson, ao comparar o incômodo de um simples vazamento na cozinha com questões espirituais não resolvidas, nos convida a olhar com seriedade para a necessidade de conversão e mudança de vida. Assim como um problema físico na casa pode causar danos maiores se não for resolvido, uma situação espiritual não tratada pode levar a consequências graves para a alma.
Santo Agostinho nos alerta: “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (Sermão 169). Este ensinamento nos recorda que a salvação exige uma resposta ativa de nossa parte. Não podemos deixar “do jeito que está” questões que comprometem nossa caminhada de fé. Se negligenciarmos a necessidade de conversão, corremos o risco de nos afastar de Deus, assim como o dano causado por um pequeno vazamento pode crescer e comprometer toda a estrutura de uma casa.
Santa Teresa d’Ávila, uma grande mística e Doutora da Igreja, também nos fala da importância de uma vida de conversão contínua: “A alma que não procura sempre estar mais adiantada e chegar ao fim, vai-se perdendo pelo caminho” (Caminho de Perfeição, 16,7). Assim, não podemos nos acomodar na vida espiritual, achando que estamos “levando a vida”. Precisamos estar em constante busca de santidade, resolvendo as situações que atrapalham nossa comunhão com Deus.
São Francisco de Sales ensina: “A nossa vida cristã é uma contínua reforma, um incessante aperfeiçoamento” (Filoteia, IV, 14). Essa busca de aperfeiçoamento implica em não ignorar os problemas que surgem, seja um pecado habitual, uma má inclinação, ou uma dificuldade em perdoar. Precisamos tratar dessas questões com a mesma seriedade com que trataríamos de um problema em nossa casa, sabendo que elas podem impedir nosso progresso espiritual.
Portanto, a frase de Frei Gilson é um convite à ação, à decisão de não procrastinar a resolução dos nossos problemas espirituais. Precisamos buscar a graça de Deus, que nos dá a força para enfrentar e superar esses desafios, lembrando o que São Paulo nos diz: “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, aceitável e perfeito” (Rm 12,2). Essa transformação começa quando reconhecemos que não podemos deixar as coisas “do jeito que estão”, mas que precisamos de uma mudança profunda, uma conversão sincera e contínua.
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Referências:
FREI GILSON. É ISSO QUE EU DIGO PARA QUEM ESTÁ MORANDO JUNTO | FREI GILSON. SantoFlow Podcast. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=AEOmuCIPutw. Acesso em: 6 de agosto de 2024.
SANTO AGOSTINHO. Sermão 169. Disponível em: https://www.augustinus.it/latino/discorsi/discorso_169_testo.htm. Acesso em 6 de agosto de 2024.
SANTA TERESA D’ÁVILA. Caminho de Perfeição. São Paulo: Paulus, 1997.
SÃO FRANCISCO DE SALES. Filoteia. São Paulo: Paulus, 2012.
BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB. São Paulo: Edições Loyola, 2001.