Padre rasga o verbo: “quem vai querer um homem frouxo e relaxado desse?”
Na visão católica, o casamento é um sacramento, uma união sagrada que reflete o amor de Cristo pela Igreja (Ef 5,25-32). Este amor é caracterizado pelo dom de si mesmo, pela entrega e pelo sacrifício. Cristo não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mt 20,28). Da mesma forma, os cônjuges são chamados a se doar um ao outro de maneira desinteressada e altruísta. É aí que a humanidade tem encontrado muitos problemas e é sobre isso que vamos refletir com a ajuda de um sacerdote da Igreja Católica.
Quem se casa para ser feliz?
Padre Julinho, em participação no Anima Podcast, disse: “Quando eu digo: ‘eu casei para ser feliz’, eu estou entregando a você a tarefa de me fazer. Quando eu digo: ‘eu casei para fazer’, o protagonismo é meu. […] Ser feliz depende do outro, fazer feliz depende de mim, só que os casais não casam com esse pensamento”.
Quando Padre Julinho fala sobre a diferença entre casar “para ser feliz” e casar “para fazer feliz”, ele está destacando a responsabilidade pessoal e a intencionalidade no amor conjugal. A felicidade, na perspectiva cristã, não é algo que se busca diretamente para si, mas é o fruto de uma vida vivida em amor e serviço ao outro. Esta ideia ressoa com os ensinamentos de São João Paulo II em sua Teologia do Corpo, onde ele enfatiza que o verdadeiro amor se encontra na autodoação e no compromisso com o bem-estar do outro.
Casar “para ser feliz” coloca uma expectativa irreal e uma carga sobre o outro cônjuge, tornando a relação uma busca egoísta por satisfação pessoal. Isso pode levar a frustrações e desentendimentos, uma vez que nenhum ser humano é capaz de suprir plenamente as necessidades do outro. A doutrina católica nos lembra que somente Deus pode satisfazer plenamente os desejos do coração humano.
Por outro lado, casar “para fazer feliz” coloca o foco na ação e no serviço. Aqui, o protagonismo é do indivíduo, que toma a iniciativa de amar e servir, refletindo o amor de Deus. Este amor ativo e comprometido é o que fortalece o vínculo matrimonial e o torna um sacramento vivo e eficaz. O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, enfatiza a importância de pequenos gestos diários de amor que constroem e sustentam o matrimônio.
Portanto, a frase de Padre Julinho nos convida a reavaliar nossa abordagem ao matrimônio, buscando sempre ser instrumentos do amor de Deus para nossos cônjuges. Quando cada cônjuge assume a responsabilidade de fazer o outro feliz, ambos experimentam a verdadeira alegria e realização que vêm de uma vida de serviço mútuo e amor abnegado.
Buscar a felicidade própria ou lutar para fazer o outro feliz?
O vídeo a seguir é um corte da participação do padre Julinho no Anima Podcast. Na conversa, o sacerdote falou, sem medir palavras, sobre o que as pessoas devem buscar em um relacionamento segundo a doutrina católica.
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Referências:
BÍBLIA. São Paulo: Ave-Maria, 2009.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 2013.
JOÃO PAULO II. Teologia do Corpo. São Paulo: Paulinas, 1980.
PAPA FRANCISCO. Amoris Laetitia: Sobre o Amor na Família. São Paulo: Paulinas, 2016.
PADRE JULINHO. O mal do mundo é que casam para ser feliz! Cortes do Anima Podcast [OFICIAL]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HEXpOS5szcM. Acesso em: 9 de julho de 2024.