Existe um tipo de pessoa que sempre está se lamentando, aparentando uma falsa humildade e sentindo pena de si mesma. É muito mais fácil colocar a culpa na vizinha, no chefe, nos filhos, no cônjuge e dizer que o mundo inteiro conspira contra nós, mas isso é só uma maneira simples fugir de nossas responsabilidades e cair na falta de sentido. Para ser feliz, é preciso ter coragem e permitir que Deus faça uma obra nova e não ficar choramingando pelos cantos como uma eterna criança assustada.
A humildade deve ser o nosso ponto de partida
Padre Pedro Willemsens, em reflexão sobre a pena de si mesmo, disse: “A humildade, no fundo, nos dá uma grande leveza. Desocupar-se da própria imagem é uma liberdade nova que a gente pode conquistar no coração mais puro e mais leve e isso é muito bom”.
Se aprendermos com Jesus, que é manso e humilde de coração, e abraçarmos a cruz de cada dia, oferecendo a Deus o que sofremos, saímos do sentimento de pena de nós mesmos e caminhamos na direção das virtudes, da santidade e da salvação eterna.
O segredo é aceitar com amor tudo o que nos acontece, enxergando que estamos caminhando na estrada de Jesus, recomeçando quando necessário, descansando quando possível, rindo, chorando, se refazendo a cada dia, com a graça de Deus.
Uma modernidade líquida
O termo “modernidade líquida” foi criado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman e se refere às constantes mudanças das características sociais. Segundo Bauman, as relações interpessoais, econômicas e políticas se tornaram inconstantes e dinâmicas, maleáveis como a matéria no seu estado líquido.
Sem bases sólidas, as pessoas sentem-se cada vez mais inseguras em seus relacionamentos e buscam desesperadamente algo em que se agarrar. Em tal modernidade líquida, é como se a estabilidade escorresse pelos dedos, já que as trocas são efêmeras e as mudanças, constantes.
Sacrifício, trabalho, famílias com bases morais, amor, tradição, fé. Tais bases sólidas formam um antídoto contra o desespero da atual sociedade líquida, que muitas vezes não aceita o remédio para suas dores, mas fica tratando apenas dos sintomas superficiais. Negando o que é trabalhoso, muitos caem no sentimento de pena por si próprios como um escudo, como já falamos. Precisamos avançar na reflexão sobre este assunto.
O que fazer com as pessoas que sentem pena de si mesmas?
Como é bonito e inspirador ver um padre falando a verdade, abrindo o coração e fazendo com que os ouvintes busquem entrar em si mesmos para vasculhar o que pode estar fora do lugar. Não é nada fácil se expressar com franqueza diante de nossas limitações, reconhecendo nossos erros sem buscarmos uma vã defesa de nossa honra. A conversa franca, aberta, olho no olho, os relacionamentos verdadeiros, tudo isso tem sido cada vez mais raro nesta modernidade líquida. Sentir pena de si mesmo é uma fuga das mais covardes e, na reflexão a seguir, padre Pedro Willemsens reflete maravilhosamente bem sobre o assunto:
Sobre o padre Pedro Willemsens
Pedro Willemsens é um padre carioca formado em engenharia da computação. Foi ordenado sacerdote católico em Roma no ano de 2007, quando defendeu seu doutorado em Teologia pela Universidade de Navarra. Padre Pedro faz parte da Prelazia do Opus Dei e se dedica especialmente à orientação espiritual de jovens e profissionais na cidade de Brasília. No tempo da pandemia, ele iniciou um canal no YouTube com o nome “Granum Sinapsis” (grão de mostarda) para ajudar os que estavam distantes pelo isolamento. Tal trabalho continua até hoje com meditações e aulas de doutrina católica.
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Referências:
DIAS, L. Modernidade Líquida, o que é? Conceito, contexto e características. Disponível em: <https://conhecimentocientifico.r7.com/modernidade-liquida-bauman/> Acesso em: 29 de janeiro de 2024.
WILLEMSENS, P. Pena de si mesmo? Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GoiUobVv7sg>.