Todos os anos, no dia 8 de dezembro, a Igreja celebra a Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria. A seguir, vamos entender o que essa realidade significa para praticarmos melhor essa linda devoção.
O que é a solenidade da Imaculada Conceição?
Antes de tudo, é importante saber que a Solenidade é também um preceito. Isso significa que todo fiel católico deve participar da celebração da Santa Missa neste dia — ou na noite do dia anterior. Além disso, por ser uma Solenidade, dispensa-se a abstinência de carne, se este dia cair numa sexta-feira.
O motivo da solenidade que vamos estudar hoje está contido na saudação que ouvimos da boca de São Gabriel Arcanjo: Ave, cheia de graça, é o singular privilégio com que a Bem-Aventurada Virgem Maria, desde o primeiro instante de sua concepção, foi preservada imune por Deus onipotente, em atenção aos méritos futuros de Cristo, Redentor do gênero humano, de toda a mancha do pecado original. Trata-se do mistério da Imaculada Conceição, em virtude do qual Maria Santíssima teve sempre o dom da graça santificante.
Resumindo: Maria é isenta do pecado original desde o primeiro instante de sua existência.
O que é o dogma da Imaculada Conceição?
Em primeiro lugar, precisamos ter em mente o que é um dogma. No livro Os Santos Anjos e a Hierarquia Celeste, Archibald Joseph Macintyre, traz uma ótima definição: “[…] Dogma é uma verdade de fé, revelada por Deus e proclamada pelo Magistério da Igreja, e que deve ser afirmada e aceita pelos cristãos católicos em sua profissão de fé”.
Mas não é qualquer informação que pode ser elevada a verdade de fé. O autor prossegue: “[…] para que uma verdade se constitua dogma, é necessário: a) que tal verdade seja revelada por Deus, ou garantida pela autoridade divina; b) que seja proposta pela Igreja à nossa crença, quer por uma proclamação solene, quer pelo ensino comum e universal”.
- Saiba mais: Você sabe o que é um dogma?
Após examinar a doutrina de muitos séculos dos Padres e Doutores da Igreja, bem como dos Concílios e seus predecessores, Pio IX proclama o dogma da Imaculada Conceição, definido na Bula Ineffabilis Deus:
“Declaramos, confirmamos e definimos a doutrina, revelada por Deus, que a Bem-aventurada Virgem Maria foi preservada e imune de toda mancha do pecado original, desde o primeiro instante da sua concepção, por graça particular e privilégio de Deus Todo-Poderoso, pelos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano” (Bula Ineffabilis Deus, 1854).
O dogma da Imaculada Conceição afirma que Deus, em sua graça, preservou Maria, mãe de Jesus, desde o primeiro momento de sua existência, concebendo-a sem a mancha do pecado original. Antes da proclamação do dogma, em 1854, pelo Papa Pio IX, os fiéis não eram obrigados a aceitar essa crença, mas a partir desse marco, a conceição — ou seja, a concepção — sem pecado de Maria tornou-se uma verdade da fé católica.
O fundamento teológico da Imaculada Conceição
A relação entre Jesus e Maria é singular. Se Jesus é o Salvador destinado a libertar a humanidade do pecado, Maria, como Sua Mãe, deveria ser preservada do pecado desde o início. A concepção imaculada de Maria é vista como uma preparação digna para a encarnação do Verbo de Deus. Afinal, se não devemos colocar vinho novo em odres velhos, o que não dizer do Deus encarnado vir ao mundo num receptáculo manchado pelo pecado?
Além disso, a Imaculada Conceição de Maria está em sintonia com a compreensão católica da santidade e da graça divina. A doutrina destaca a ação especial de Deus na vida de Maria, conferindo-lhe uma graça singular que a preserva do pecado original.
São Pio X, na Carta Encíclica Ad Diem Illum Laetissimum, disse: “[…] a inteligência do povo cristão não podia conceber que a carne de Cristo, santa, imaculada e inocente, tivesse seu princípio nas entranhas de Maria, duma carne que um dia tivesse contraído qualquer mácula, por um instante que fosse. E qual a razão disto, senão que uma oposição infinita separa Deus do pecado? […] Se Deus, pois, tanto detesta o pecado, que quis fosse a futura Mãe de Seu Filho isenta não só desses labéus que se contraem pela vontade, mas, por um privilégio especial, antevendo os méritos de Jesus Cristo, também desse outro, que assinala todos os filhos de Adão […]”.
O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 490, complementa tudo o que refletimos até aqui: “Para vir a ser Mãe do Salvador, Maria foi adornada por Deus com dons dignos de uma tão grande missão. O anjo Gabriel, no momento da Anunciação, saúda-a como cheia de graça. Efetivamente, para poder dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário que Ela fosse totalmente movida pela graça de Deus”.
Depois de saber da grandeza da missão da Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida, só nos resta dizer: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!
Referências:
RICARDO, P. Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Padre Paulo Ricardo, 2021. Disponível em: <https://padrepauloricardo.org/episodios/solenidade-da-imaculada-conceicao-de-nossa-senhora-mmxxi> Acesso em: 7 de dezembro de 2023.
REDAÇÃO MBC. Imaculada Conceição: a festa e o dogma. Minha Biblioteca Católica, 2023. Disponível em: <https://bibliotecacatolica.com.br/blog/formacao/imaculada-conceicao/> Acesso em: 7 de dezembro de 2023.
MACINTYRE, A. J. Os Santos Anjos e a Hierarquia Celeste. Dois Irmãos: Minha Biblioteca Católica, 2022.
IMACULADA CONCEIÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA. Vatican News, 2023. Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/feriados-liturgicos/imaculada-conceicao-da-bem-aventurada-virgem-maria.html> Acesso em: 7 de dezembro de 2023.