Hoje você vai conhecer uma parte da história de um santo que lutou contra as paixões desordenadas com muita energia e fé. Trata-se de São Macário de Alexandria.
Veja também: São Fulgêncio (460-533).
Na juventude, Macário abandonou sua barraca de frutas em Alexandria para se unir ao grande Santo Antão. O patriarca, por um milagre alertado sobre a santidade do discípulo, nomeou-o herdeiro de suas virtudes.
A vida de Macário foi um longo conflito consigo mesmo. “Atormento aquele que me atormenta” (isto é, atormenta o próprio corpo, em exercício ascético), respondeu ele a alguém que o encontrara curvado, carregando uma cesta de areia em pleno calor da tarde. “Sempre que estou com preguiça e ocioso, sou importunado por desejos de partir em longa viagem”. Quando ficava exausto o bastante, voltava à cela. Como o sono às vezes o dominasse, mantinha vigília por vinte dias e vinte noites; ficando a ponto de desmaiar, entrava na cela de dormia, mas a partir de então só passou a dormir quando lhe dava vontade.
Certo dia, matou um pernilongo que o picara; em vingança por tamanha fraqueza, entrou nu em um pântano até que seu corpo ficasse coberto de picadas peçonhentas e só pela voz o pudessem reconhecer. Uma vez, quando estava sedento, recebeu uvas de presente, mas entregou-as intocadas a um eremita que sufocava por causa do calor. Este, por sua vez, as entregou a um terceiro, que as repassou a um quarto; e assim as uvas deram a volta pelo deserto e retornaram a Macário, que agradeceu a Deus pela abstinência dos irmãos.
Macário via demônios acossando os eremitas enquanto oravam: essas terríveis criaturas tocavam nas bocas de uns para fazê-los bocejar; fechavam os olhos de outros e caminhavam sobre eles quando dormiam; apresentavam imagens vãs e sensuais diante de muitos irmãos e então zombavam daqueles que acabavam cativados. Ninguém conseguia se livrar com eficácia dos demônios, exceto aquele que, com vigilância constante, repeliu-os a todos de uma só vez.
Macário visitou um eremita todos os dias durante quatro meses, mas nunca podia falar com ele, porque se encontrava sempre em oração; então o chamou de “anjo sobre a terra”. Após muitos anos como superior, Macário fugiu escondido para a companhia de São Pacômio, de modo a começar novamente como seu noviço. Porém, S. Pacômio, instruído por uma visão, mandou que ele retornasse aos irmãos, os quais o amavam como a um pai.
Na velhice, pensando ter domado a natureza, decidiu passar cinco dias sozinho em oração. No terceiro dia, a cela parecia pegar fogo e Macário, sem poder livrar-se dos pensamentos acerca das necessidades da vida, enfim se retirou. Deus permitira essa desilusão, dizia ele, para que não fosse enganado pelo orgulho. Aos 73 anos, foi levado para o exílio e brutalmente ultrajado pelos hereges arianos. Faleceu em 395.
Reflexão
A oração é a respiração da alma. Mas São Macário nos ensina que a mente e o corpo devem ser dominados antes que a alma esteja livre para orar.
São Macário, rogai por nós!
Referências:
BUTLER, Alban. Vida dos Santos. Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2021.