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Será que é melhor rezar ou meditar?

Meditação católica

Meditação católica

É melhor rezar ou meditar? As duas coisas são importantes, mas como devemos utilizá-las? Toda meditação bem feita nos leva a rezar, já que nos mostra o que falta na caminhada e nos deixa clara a necessidade de pedir o auxílio indispensável de Deus. Vamos saber mais sobre isso hoje.

Veja também:

A profecia de Nossa Senhora das Lágrimas para o Brasil explicada pelo prof. Raphael Tonon.

O que é a oração?

A primeira e mais simples resposta que encontramos, inclusive na Bíblia, é que a oração seria um pedido para Deus. Jesus diz: “pedirei a meu pai” (Jo 14,16). O Espírito Santo vem em nosso auxílio, pois “não sabemos o que devemos pedir” (Rm 8,26).

Santo Tomás de Aquino nos lembra de duas verdades importantes sobre “pedidos”: 1. Se pedimos algo a alguém, só pedimos se considerarmos essa pessoa, de alguma maneira, superior ou mais capaz de realizar o que se pede do que nós mesmos. 2. Para pedir, precisamos nos aproximar de alguma maneira de quem pedimos, caso contrário, não somos nem ouvidos, muito menos atendidos.

O que é a oração?

A oração é, em primeiro lugar, um aproximar-se de Deus, um elevar o nosso intelecto ao Senhor, como diz São João Damasceno. Se Ele fosse material, chegaríamos perto fisicamente, mas como é puro Espírito, a oração é a maneira de nos aproximarmos espiritualmente d’Ele. São Dionísio sintetiza isso dizendo que “quando invocamos a Deus na oração, a Ele estamos presentes com o espírito descoberto”. Aproximo-me e, assim, vejo e também me deixo ver.

O que é a meditação?

Ninguém pede algo se antes não pensar em algo. O pedido passa, necessariamente, pela razão e a meditação é fundamental para nos conduzir a rezar da maneira adequada. Muitos caem num triste esvaziamento da meditação, afastando essa prática de Deus, tornando-a apenas um meio de relaxamento e bem-estar.

O Papa Francisco nos alertou sobre isso numa Missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, em 09 de janeiro de 2015. Vejamos:

“Uma sessão de yoga não poderá ensinar um coração a “sentir” a paternidade de Deus, nem curso de espiritualidade zen o tornará mais livre para amar. Somente o Espírito Santo tem este poder. Quem nos ensina a amar? Quem nos liberta dessa dureza? Somente o Espírito Santo. Você pode fazer mil cursos de catequese, mil cursos de espiritualidade, mil cursos de yoga, zen, e todas essas coisas. Mas isso nunca vai ser capaz de lhe dar a liberdade de filho. Somente o Espírito Santo move o seu coração para dizer ‘Pai’. Somente o Espírito Santo torna o coração dócil a Deus e à liberdade”.

Quem nos ensina a amar?

Na meditação, buscamos estar na presença de Deus e acolher as luzes que Ele nos dá. Essa busca nos leva a entrar em oração com os elementos que o próprio Senhor desperta em nossos corações. Podemos meditar com o auxílio de algum livro ou das situações que estamos vivendo, pensando em como a Sagrada Família passaria por determinada dificuldade, por exemplo.

Meditar sobre a Paixão de Cristo, os sacramentos instituídos por Ele ou outros grandes mistérios da fé, nos leva a querer tomar posse das promessas que Deus fez para nós. Com essa disposição interior, a meditação naturalmente se transforma em uma oração fecunda.

É melhor rezar ou meditar?

É melhor rezar ou meditar? Santo Afonso Maria de Ligório nos ajuda a entender de que maneira a meditação bem feita nos leva a entrar em oração. Falei sobre isso em um vídeo do meu canal. Assista aqui:

É melhor rezar ou meditar?

Como se faz a meditação católica?

Santo Afonso Maria de Ligório responde com um passo a passo muito prático.

A meditação ou oração mental contém três partes:

I. PREPARAÇÃO

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois uma Ave Maria à Santíssima Virgem, a fim de que nos obtenha esta luz; e na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.

Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente; depois deles se fará a Meditação.

II. MEDITAÇÃO

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

III. CONCLUSÃO

Enfim, a conclusão da oração compõem-se de três atos:

1º De agradecimento pelas luzes recebidas, e de pedido de perdão das faltas cometidas no tempo da oração:

Senhor, eu Vos agradeço as luzes e os afetos que me destes nesta meditação e Vos peço perdão das faltas nela cometidas.

2º De oferecimento das resoluções tomadas e de propósito de guardá-las fielmente:

Meu Deus, eu Vos ofereço as resoluções que com a vossa graça acabo de tomar, e resolvido estou a executá-las, custe o que custar.

3º De súplica, pedindo ao Pai Eterno, pelo amor de Jesus e de Maria, a graça de executá-las fielmente:

Meu Deus, pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima, dai-me a força de por fielmente em prática as resoluções que tomei.

Termina-se a oração recomendando a Deus a Santa Igreja, os seus Prelados, as Almas do Purgatório, os pecadores, e todos os nossos parentes, amigos e benfeitores, por um Pai Nosso e uma Ave Maria, que são as orações mais úteis por nos serem ensinadas por Jesus Cristo e pela Igreja:

Senhor, eu Vos recomendo a Santa Igreja, com os seus Prelados, as Almas do Purgatório, a conversão dos pecadores, e todas as minhas necessidades espirituais e temporais bem como as dos meus parentes, amigos e benfeitores.

Depois da Meditação

Depois da meditação devemos:

1º Conforme o conselho de São Francisco de Sales, fazer um ramalhete de flores afim de cheirá-lo durante o dia, quer dizer, imprimir bem na memória um ou dois pensamentos que mais impressão nos fizeram, para os recordarmos e nos revigorarmos durante o dia.

2º Por logo em prática as resoluções tomadas, tanto nas ocasiões pequenas como nas grandes, que se apresentarem: por exemplo suportarmos com paciência uma pessoa irada contra nós, mortificarmo-nos na vista, no ouvido, na conversa.

3º Por meio do silêncio e recolhimento, conservar o mais tempo possível os afetos excitados na oração; sem isso, o fervor concebido na oração esvaecer-se-á logo pela dissipação no proceder ou pelas conversas inúteis.

Referências:

Afinal, o que é a oração? Formação Canção Nova. Cachoeira Paulista, 2020. Disponível em: <https://formacao.cancaonova.com/series/reflexao-sobre-a-oracao/afinal-o-que-e-oracao/>. Acesso em: 08 ago. 2022.

Rumo à Santidade. Como se faz a meditação católica? Aleteia. Brasil, 2018. Disponível em: <https://pt.aleteia.org/2018/11/29/como-se-faz-a-meditacao-catolica/>. Acesso em: 09 ago. 2022.

AQUINO, Fellipe. A autêntica meditação cristã. Formação Canção Nova. Cachoeira Paulista, 2018. Disponível em: <https://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2015/01/13/a-autentica-meditacao-crista/>. Acesso em: 09 ago. 2022.

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