Você acha educado faltar a um encontro marcado com alguém importante?
Em nossa sociedade, tão preocupada com as aparências e as etiquetas, faltar a um encontro marcado com alguém importante é considerado um ato de extrema falta de educação e descuido. Mas e o encontro marcado que temos com Deus diariamente? Ele é o Senhor do Universo e está disponível para nos encontrar na oração, mas será nós estamos disponíveis?
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Você acha educado faltar a um encontro marcado com alguém importante?
As pessoas costumam ter muito cuidado e atenção quando vão ter algum encontro importante, ficam nervosas antes de uma entrevista de emprego, por exemplo. Estar diante de alguém influente, “importante” aos olhos do mundo é um grande evento e ninguém gosta de se atrasar, muito menos faltar a um encontro desses. Mas e o encontro diário com Aquele que criou todas as coisas e pode transformar a nossa vida? Diariamente, Deus nos espera para esse encontro na oração e não precisamos nem marcar hora. Entenda como você pode se beneficiar disso aqui:
As atividades não impediam Jesus de rezar
Em uma Audiência Geral na Biblioteca do Palácio Apostólico, no dia 4 de novembro de 2020, Papa Francisco nos falou sobre a importância da oração na vida cotidiana e citou o exemplo de Jesus, modelo máximo de oração e comunhão com o Pai:
“Durante a sua vida pública, Jesus recorre constantemente ao poder da oração. Os Evangelhos mostram-no quando se retira a lugares isolados para rezar. Trata-se de observações sóbrias e discretas, que deixam apenas imaginar aqueles diálogos orantes. Contudo, elas testemunham claramente que mesmo em momentos de maior dedicação aos pobres e aos doentes, Jesus nunca negligenciava o seu diálogo íntimo com o Pai. Quanto mais estava imerso nas necessidades do povo, tanto mais sentia a necessidade de descansar na Comunhão trinitária, de voltar para o Pai e para o Espírito”.
Ao se retirar para estar a sós com o Pai, em comunhão com o Espírito, na oração, Jesus tinha um momento marcado dedicado totalmente para isso. E se Ele, segunda pessoa da Santíssima Trindade, a Sabedoria Encarnada, reservava momentos específicos para rezar, por que nós deveríamos fazer diferente? Durante a sua vida Jesus Cristo tinha muitas atividades, mas sempre soube claramente o que era a prioridade e nunca permitiu que suas ocupações (mesmo que nobres e necessárias) roubassem o lugar da oração.
4 Características da oração cristã, segundo o exemplo de Jesus
Utilizando-se do exemplo da vida orante de Jesus, Papa Francisco nos indicou 4 características que devem nortear a oração cristã:
O Catecismo afirma: “Quando ora, Jesus já nos ensina a orar” (n. 2607). Portanto, a partir do exemplo de Jesus, podemos obter algumas caraterísticas da oração cristã.
Em primeiro lugar, possui um primado: é o primeiro desejo do dia, algo que se pratica ao amanhecer, antes que o mundo desperte. Ela restitui uma alma àquilo que de outra forma ficaria sem respiração. Um dia vivido sem oração corre o risco de se transformar numa experiência aborrecida ou tediosa: tudo o que nos acontece poderia transformar-se para nós num destino mal suportado e cego. Jesus, ao contrário, educa na obediência à realidade e, portanto, à escuta. A oração é, antes de mais nada, escuta e encontro com Deus. Por conseguinte, os problemas da vida cotidiana não se tornam obstáculos, mas apelos do próprio Deus a ouvir e encontrar as pessoas que estão à nossa frente. Assim, as provações da vida transformam-se em ocasiões para crescer na fé e na caridade. O caminho diário, incluindo as dificuldades, adquire a perspectiva de uma “vocação”. A oração tem o poder de transformar em bem o que de outra forma seria uma condenação na vida; a oração tem o poder de abrir um grande horizonte para a mente e de alargar o coração.
Em segundo lugar, a oração é uma arte a praticar com insistência. O próprio Jesus diz-nos: batei, batei, batei à porta. Todos somos capazes de orações episódicas, que nascem da emoção de um momento; mas Jesus educa-nos para outro tipo de oração: aquela que conhece uma disciplina, um exercício e é assumida no âmbito de uma regra de vida. A oração perseverante produz uma transformação progressiva, fortalece em tempos de tribulação, concede a graça de ser amparados por Aquele que nos ama e nos protege sempre.
Outra caraterística da oração de Jesus é a solidão. Quem reza não foge do mundo, mas prefere lugares desertos. Ali, no silêncio, podem surgir muitas vozes que escondemos no íntimo: os desejos mais afastados, as verdades que nos obstinamos a sufocar e assim por diante. E, acima de tudo, Deus fala no silêncio. Cada pessoa precisa de um espaço para si, onde cultivar a sua vida interior, onde as ações têm sentido. Sem vida interior tornamo-nos superficiais, agitados, ansiosos – a ansiedade faz-nos muito mal! Por isso devemos rezar; sem vida interior fugimos da realidade e também fugimos de nós mesmos, somos homens e mulheres sempre em fuga.
Por fim, a oração de Jesus é o lugar onde percebemos que tudo vem de Deus e para Ele volta. Por vezes, nós seres humanos acreditamos que somos senhores de tudo ou, caso contrário, perdemos toda a autoestima, vamos de um lado para o outro. A oração ajuda-nos a encontrar a correta dimensão na relação com Deus, nosso Pai, e com toda a criação. Por fim, a oração de Jesus consiste em entregar-se nas mãos do Pai, como Jesus no jardim das oliveiras, naquela angústia: “Pai se for possível… mas seja feita a tua vontade”. O abandono nas mãos do Pai. É bom quando estamos agitados, um pouco preocupados e o Espírito Santo nos transforma a partir de dentro e nos leva a este abandono nas mãos do Pai: “Pai, seja feita a tua vontade”.
Se você percebe que sua vida de oração pode ser mais fecunda e que você deve ter mais contato diário com o Senhor, comece agora e já peça a Ele as graças da fé, da oração e da perseverança. Que Deus abençoe você!
Referências:
Notícias da Igreja e do Papa. A oração é escuta e encontro com Deus. Opus Dei. Brasil, 2022. Disponível em: <https://opusdei.org/pt-br/article/a-oracao-e-escuta-e-encontro-com-deus/>. Acesso em: 26 nov. 2022.
