É terrível viver em uma ditadura, num regime totalitário que restringe a verdadeira liberdade do ser humano e oprime aqueles que pensam diferente. Precisamos entender que existem dois tipos de ditadura: uma imposta pelas armas, e a outra, pela cultura. O Professor Felipe Aquino nos diz que a segunda é muito pior, já que é imposta de maneira sorrateira e dura muito mais tempo. O relativismo atual é uma ditadura porque deseja proibir qualquer um de pensar o contrário. Tudo passa a ser, então, relativo, exceto o próprio relativismo. Vamos entender melhor o absurdo dessa realidade.
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Essa estranha mentalidade defende que “tudo é relativo” e que “não existe verdade absoluta”. Ora, se tudo é relativo e não existe a verdade objetiva, então, a própria afirmação “tudo é relativo” ou “não existe verdade absoluta” também não podem ser tidas como verdadeiras, a não ser, de maneira ditatorial, forçada. Além do relativismo ser um grave erro, que destrói as bases da civilização, não admite que alguém dele discorde. Na verdade, trata-se de uma lógica muito esperta e maldosa daqueles que desejam eliminar a religião. Se a liberdade é absoluta para pensar no que eu quero, então, todas as afirmações são igualmente aceitas, e você joga tudo no mesmo saco, mentiras e verdades. E se cada um vive a “sua” verdade, não há mais ordem ou virtude, e a humanidade cai no caos.
O problema do relativismo
No vídeo a seguir, Guilherme Freire nos ajuda a refletir sobre os perigos dessa mentalidade que tem invadido a Igreja, as escolas e a sociedade como um todo.
A ditadura do relativismo
Na homilia que o então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa emérito Bento XVI, pronunciou na Missa “Pro Eligendo Pontífice”, celebrada no dia 18 de abril de 2005, às vésperas de sua eleição como Papa, ele disse:
“Quantos ventos de doutrina conhecemos nestas últimas décadas, quantas correntes ideológicas, quantas modas do pensamento. A pequena barca do pensamento de muitos cristãos, com frequência, fica agitada pelas ondas, levadas de um extremo a outro: do marxismo ao liberalismo, até o libertinismo; do coletivismo ao individualismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo etc. A cada dia, nascem novas seitas e se realiza o que diz São Paulo sobre o engano dos homens, sobre a astúcia que tende a induzir no erro (cf. Efésios 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, é etiquetado com frequência como fundamentalismo.
Enquanto que o relativismo, ou seja, o deixar-se levar ‘guiados por qualquer vento de doutrina’, parece ser a única atitude que está na moda. Vai-se construindo uma ‘ditadura do relativismo’, que não reconhece nada como definitivo e que só deixa como última medida o próprio eu e suas vontades”.
E prosseguiu o Cardeal Ratzinger:
“Nós temos outra medida: o Filho de Deus, o verdadeiro homem. Ele é a medida do verdadeiro humanismo. ‘Adulta’ não é uma fé que segue as ondas da moda e da última novidade; adulta e madura é uma fé profundamente arraigada na amizade com Cristo. Essa amizade nos abre a tudo o que é bom e nos dá a medida para discernir entre o verdadeiro e o falso, entre o engano e a verdade”.
Quanto tentam sufocar a verdade para defender uma “liberdade” que só permite a sua própria visão de mundo, é sinal de que a ditadura relativista já foi instituída. Algo a ver com os dias atuais não é mera coincidência. Que a Virgem Maria Santíssima, vencedora da soberba através da humildade, possa pisar na cabeça da serpente e esmagar todo o mal que nos oprime.
Referências:
AQUINO, Felipe. O problema da ditadura do relativismo. Canção Nova. Cachoeira Paulista, 2021. Disponível em: <https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/o-problema-da-ditadura-relativismo/>. Acesso em: 12 nov. 2022.