Diante de filósofos e teólogos sempre em busca de novidades, muitos católicos se arriscam a cair em heresias altamente prejudiciais. Entre um estudo moderno vazio de espiritualidade e a doutrina perene estudada pelos santos, acredito firmemente que a segunda é mais segura. Neste contexto, é interessante entender porque São Paulo VI defendeu a filosofia de Santo Tomás de Aquino.
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- Deus pedirá contas de sacerdotes, leigos e de qualquer pessoa que faltar com a verdade e com o amor.
A filosofia de Santo Tomás de Aquino é sempre atual
Archibald Joseph Macintyre, no excelente livro Os Santos Anjos e a Hierarquia Celeste faz um estudo aprofundado dos seres puramente espirituais. Para isso, baseia-se no magistério da Igreja e usa indispensáveis ensinamentos de Santo Tomás de Aquino.
Se por um lado, o grande Santo Tomás tem seus ensinamentos diminuídos e deturpados, por outro, vemos um reflorescer do tomismo e o pensamento de Archibald vem nos abrir a mente. Vejamos o que diz o autor:
“O tomismo, ao contrário do que afirmam alguns, longe de secar a pesquisa teológica, a favorece, graças aos recursos que fornece. Evita, porém, que a pesquisa se desvie da ortodoxia, rumando para caminhos perigosos, passando a defender posições heréticas”.
Ficar “em cima do muro” já é aprovar o erro
Atualmente vemos muitos católicos – e quando se trata do clero é ainda mais grave – em cima do muro. Há muitas pessoas medrosas que já não defendem a doutrina dos apóstolos, o ensinamento recebido direto da fonte, que é Jesus Cristo. Quem tem medo de desagradar as pessoas, acaba perdendo o medo de desagradar a Deus. Nessas horas, “ficar em cima do muro” já é aprovar o erro.
São Paulo VI defendeu a filosofia de Santo Tomás de Aquino como sempre atual
Nos discursos aos participantes do VI Congresso Internacional Tomista (setembro de 1965), Paulo VI fez as seguintes afirmações:
- “A filosofia de Santo Tomás não é nem medieval, nem própria de alguma nação particular, mas transcende o tempo e o espaço e conserva todo o seu valor para todos os homens de hoje”;
- “O tomismo, longe de ser um sistema esterilmente fechado sobre si mesmo, é capaz de aplicar com sucesso seus princípios, seus métodos e seu espírito às tarefas novas que a problemática do nosso tempo propõe à reflexão dos pensadores cristãos”.
Em 8 de outubro de 1965, Paulo VI declarava:
- “O magistério da Igreja Católica apresenta o sistema tomista como uma norma segura para o ensino das ciências sagradas” (Discurso aos membros da fundação canadense “São Tomás de Aquino”, 8 de outubro de 1965).
Na Carta Apostólica Lumen Ecclesiae, dada a conhecer por ocasião do sétimo centenário da morte de Santo Tomás de Aquino, em 20 de novembro de 1974, Paulo VI reitera o valor do tomismo afirmando, entre outras coisas:
- “Santo Tomás é o guia autorizado e insubstituível dos estudos filosóficos e teológicos”;
- “Também na atualidade, o Angélico e o estudo de sua doutrina constituem a base da formação teológica daqueles que são chamados à missão de confirmar e robustecer dignamente a seus irmãos na fé”;
- “Leão XIII não só propôs Santo Tomás como mestre e guia, mas o proclamou como patrono de todas as escolas católicas de qualquer natureza e grau, título que nos cabe confirmar”.
Archibald arremata da seguinte maneira:
“Pelo que foi exposto, vemos que o pensamento teológico de Santo Tomás, longe de ser obscurantista e superado, refulge com brilho singular e se recomenda, ainda hoje, como guia no esclarecimento das verdades reveladas e como fundamento lógico para a refutação de erros e compreensão de temas teológicos de certa complexidade”.
Referências:
MACINTYRE, Archibald Joseph. Os Santos Anjos e a Hierarquia Celeste. Dois Irmãos: Minha Biblioteca Católica, 2022.