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A importância da fé no enfrentamento das doenças - Altair Fonseca
Fé no enfrentamento das doenças
Saúde e Espiritualidade

A importância da fé no enfrentamento das doenças

Ciência e fé em harmonia

Aonde termina o limite estreito de alcance da ciência, começa o horizonte infinito da fé. Ambas são obras do mesmo Deus e se complementam. Quando se separam, há um empobrecimento tanto de uma quanto da outra.

É à luz das ciências que a Igreja caminha para entender melhor a revelação do sobrenatural, sem dispensar, é claro, a graça de Deus. O Vaticano tem à sua disposição mais de 70 médicos especialistas para verificar a autenticidade de um milagre. É importante ressaltar que a Igreja é muito cautelosa ao falar de milagres. Ela tem consciência de que muitos fenômenos maravilhosos são explicáveis pela ciência.

Em todos os tempos, muitos gigantes da ciência se converteram humildemente diante do Criador. Entre eles podemos citar o filósofo francês Voltaire, racionalista e inimigo sagaz da fé católica, que se converteu no final da vida dizendo que: “O mundo me perturba e não posso imaginar que este relógio funcione e não tenha tido relojoeiro.”

Deus utiliza da ciência para nos curar. Existem várias passagens da Sagrada Escritura nas quais vemos que Deus cura por meio dos médicos e os medicamentos.

Honra o médico por causa da necessidade, pois foi o Altíssimo que o criou (toda a medicina provém de Deus).” (Eclesiástico, 38, 1-2)

Deus ordena que busquemos o tratamento para as nossas doenças, pois Ele concedeu aos profissionais da saúde o dom de curar, assim como deu aos sacerdotes o poder da absolvição dos pecados.

“E eles mesmos rogarão ao Senhor que mande por meio deles o alívio e a saúde (ao doente), segundo a finalidade da sua vida.” (Eclesiástico, 38, 14)

É comum que pacientes abandonem seus tratamentos, suspendendo totalmente suas medicações, achando que serão curados apenas pela fé. Mas no livro do Eclesiástico (38,4) lemos que: “O Senhor fez a terra produzir os medicamentos e o homem prudente não os despreza”. Ainda mais grave é a atitude de alguns líderes religiosos que aconselham aos seus fiéis a abandonarem seus tratamentos e confiarem apenas na cura divina. Isso é chamado de Coping Religioso Espiritual negativo, quando a crença religiosa/espiritual causa prejuízo ao tratamento do paciente.

Quem é prudente aceita o tratamento
Quem é prudente aceita o tratamento

Observa-se que os pacientes movidos pela fé lidam melhor com suas enfermidades, sendo mais adeptos ao tratamento, isso é chamado de Coping Religioso Espiritual positivo. É muito agradável para o profissional de saúde tratar um paciente que tenha sua religiosidade/espiritualidade aflorada. Existem muitos estudos mostrando a ação da fé sobre a cura das doenças.

Carl Gustav Jung, um dos fundadores da psicanálise afirmou que: “Entre todos os meus pacientes com mais de 35 anos, não houve um só cujo problema mais profundo não fosse constituído pela questão da sua atitude religiosa. Todos, em última instância, estavam doentes por terem perdido aquilo que uma religião viva sempre deu aos seus adeptos, e nenhum se curou realmente sem recobrar a atitude religiosa que lhe fosse própria.”

Mas por que Deus permite a doença?

Deus não causa as doenças, pois na criação do homem, Ele nos fez à sua imagem e semelhança, criando-nos absolutamente perfeitos! Isto é, livres de quaisquer doenças.

Segundo a filosofia e a teologia, as doenças surgiram devido à perda da imunidade divina do primeiro casal como consequência do pecado original. Quando o pecado entrou no mundo, como consequência da desobediência a Deus, o homem ficou vulnerável a todos os tipos de enfermidades e, consequentemente, à morte.

Os efeitos do pecado original permanecem gravados no inconsciente da humanidade, podendo ser transmitidos de geração em geração, até os dias atuais. Há uma hipótese de transmissão intergerações do inconsciente, de modo que, assim como recebemos as características genéticas externas, podemos também herdar as informações do inconsciente de nossos antepassados. Ao nascermos, nosso inconsciente estará composto das informações da ancestralidade, dos reflexos dos traumas vividos durante a concepção, a gestação e o parto. Assim, toda semente perfeita estará ilhada pelas consequências do pecado. Esses registros podem se manifestar por meio de doenças físicas ou psíquicas.

Por sua própria característica divina, nosso interior carece de ser abastecido pelo alimento que somente o Criador pode oferecer. Muito se tem pesquisado sobre como a fé pode atuar no nosso inconsciente, ou mesmo consciente, nos ajudando no enfrentamento das doenças.

Em 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu a saúde como um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social, e não somente a ausência de doença. Sendo assim, a fé é considerada importante no que diz respeito à prevenção e tratamento das doenças. Evidências sugerem que a espiritualidade/religiosidade pode minimizar o sentimento de incerteza que envolve o adoecimento; aumentar a motivação para o autocuidado e adaptação, além de reduzir o estresse emocional, auxiliando o indivíduo a gerenciar pacientemente suas enfermidades.

Referências Bibliográficas:

AQUINO, F. Ciência e fé em harmonia. 8ª ed. Lorena: Editora Cléofas, 2017.

BÍBLIA SAGRADA. 131ª ed. São Paulo: Editora Ave Maria, 1999.

INOUE, T. M.; VECINA, M. V. A. Espiritualidade e/ou religiosidade e saúde: uma revisão de literatura. Journal of the Health Sciences Institute, v. 35, n. 2, p. 127-30, 2017.

SAVIOLI, R. M. Milagres que a Medicina não contou. 22ª ed. São Paulo: Editora Gaia, 2014.

TEIXEIRA. M. Z. Interconexão entre saúde, espiritualidade e religiosidade: importância do ensino, da pesquisa e da assistência na educação médica. Revista de Medicina, v. 99, n. 2, p. 134-147, 2020.

Autor

Católica Apostólica Romana, Fisioterapeuta, Especialista em Cuidado ao Idoso e Professora universitária com linha de pesquisa em Espiritualidade e Saúde.