Dá para cometer adultério 100 vezes sem afetar a justificação diante de Deus? Para Lutero, um bispo católico alemão (nascido no ano de 1483 e falecido em 1546), precursor da reforma protestante, sim. Mas para nós, cristãos católicos não.
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Para a resposta desse questionamento vamos refletir com base na Palavra de Deus e de acordo com a doutrina da Santa Igreja Católica.
A Doutrina protestante se baseia, entre outros, em dois fundamentos principais, propostos por Lutero e Calvino:
- Sola Fide:
- Sola Scriptura:
Para a nossa meditação, trataremos apenas do primeiro tópico, a sola fide, que quer dizer, somente a fé. Para os reformadores protestantes, somos salvos somente pela fé. Mas para nós, católicos, a fé é um meio para se chegar a realização das boas obras que Deus quer que realizemos.
Neste sentido Jesus Cristo, chama-nos a atenção:
“Porque eu lhes garanto: Se vocês tiverem fé como um grão de mostarda dirão para essa montanha: Desloque-se daí para lá e ela se deslocará. E para vocês nada será impossível.” (Mt 17,20).
São Tiago nos ensina que a pessoa é justificada pelas obras e não simplesmente pela fé e conclui que a fé sem obras é morta (Tg 2,24,26). Assim, caso eu tenha uma fé que não é capaz de fazer brotar em meu coração o desejo de pôr em prática a Palavra de Deus, atuando pelo amor a Deus e aos irmãos, estou diante de uma fé morta.
E São Paulo em sua primeira carta aos Coríntios, 13,2, complementa: “ainda que eu tenha toda a fé, a ponto de mover montanhas, se eu não tenho o amor, eu nada sou”. A fé autêntica, deve produzir em nosso coração o desejo de amar, ao ponto que seu eu não tiver o amor, de nada vale a minha fé e as obras que realizo em nome dessa fé. Isso torna a fé morta e porque não dizer também, uma obra morta.
Um cristão católico pode cometer adultério 100 vezes sem afetar a sua justificação diante de Deus?
É como o marido que trai a esposa no escondido e compra joias e flores para agradá-la. Agora imagina, um(a) cristão(ã) católico(a), que cumpre o preceito de ir às missas dominicais, mas ao sair da igreja não põe em prática a palavra de Deus.
Nosso Senhor nos ensinou: “Felizes, antes, os que ouvem a Palavra de Deus e a põe em prática.” (Lc 11,28).
E como Deus é o criador de todas as coisas e suas obras são perfeitas, São Paulo conclui que é pela graça de Deus que fomos salvos. Se temos fé e somos capazes, em nome da fé, de realizarmos as obras que Deus deseja que realizamos, é porque Deus nos ama e infundiu em nossos corações esse desejo de retribuí-lo pelas práticas das obras. Isso é lindo! é católico! é a nossa Igreja, meus irmãos!
“De fato, é pela graça que vocês foram salvos por meio da fé e isso não provem de vocês, mas é dom de Deus. Não vem das obras para que ninguém se encha de orgulho.” (Ef 2,8) (grifo nosso).
Dessa forma a fé se torna um meio para se chegar a salvação, mas não é tão somente pela fé. “(…) nos salvamos pela graça, através da fé, atuando no amor.” (HAHN, 2020, p.62). Bem diferente da doutrina protestante, proposta por Lutero e Calvino.
Espero que essa breve reflexão ajude-nos a perceber que o princípio Sola Fide não tem nenhum fundamento na escritura, sobretudo na Bíblia Sagrada.
Observação: E caso um católico, cometa adultério cem vezes, se arrependa e recorra ao sacramento da Confissão, tenho certeza de que Jesus vai acolhê-lo e perdoá-lo, assim como fez com a mulher adúltera. Aliás os sacramentos, são outro ponto de divergência entre a doutrina católica e a heresia protestante, mas isso é para uma outra postagem.
Que o Espírito Santo nos ilumine!
Abraço fraterno a todos.
Até a próxima postagem, onde refletiremos brevemente, sobre a Sola Scriptura de Lutero.
Referências.
- Bíblia Sagrada
- Catecismo da Igreja Católica
- Hahn, Scott e Kimberly. Todos os Caminhos Levam a Roma. Ed. Cléofas, 2020.