Fora da Igreja Católica não há salvação? Será que Deus fecha as portas do Céu para todos aqueles que não participam fisicamente do culto religioso cristão no templo por desconhecimento, mas que ainda assim buscam a verdade? O Senhor não faz distinção de pessoas e não exclui ninguém (Cf. Eclo 35,16; Rm 2,11), sendo assim, a promessa da salvação abrange todos os povos. Mas as perguntas levantadas no início deste parágrafo ainda não foram claramente respondidas, portanto, precisamos avançar na meditação deste assunto.
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Diante do espaço dado a muitas vozes através da internet, muitas opiniões são compartilhadas como se fossem verdades absolutas e é preciso tomar muito cuidado com isso. A interpretação das Sagradas Escrituras e a indicação da conduta moral diante das mais diversas situações precisam ser vistas à luz da fé e da Igreja.
O Magistério da Igreja Católica (em latim: Magisterium) refere-se à função de ensinar, que é própria da autoridade da Igreja e que, por isso, deve ser obedecido e seguido pelos demais católicos. Sendo assim, é no Magistério que encontraremos a resposta para a pergunta proposta acima.
Fora da Igreja Católica não há salvação?
A resposta para essa pergunta não sou eu, Altair, quem vai te dar, mas a própria Igreja, na Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II:
“Deus também não está longe dos outros homens, que procuram o Deus desconhecido em sombras e imagens, porque é ele quem dá a todos a vida, a respiração e tudo o mais. O Salvador quer que todos os homens se salvem.
Portanto, os que, sem culpa, ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com coração sincero, tentando, sob o influxo da graça, cumprir por obras a sua vontade conhecida através dos ditames da consciência, podem conseguir a salvação eterna. A divina Providência não nega os auxílios necessários à salvação aos que, sem culpa, ainda não chegaram ao expresso conhecimento de Deus e se esforçam, não sem a divina graça, por levar uma vida reta. A Igreja julga tudo quanto de bom e de verdadeiro neles se encontra como uma preparação evangélica, dada por Aquele que ilumina todo homem, para que enfim tenham a vida”.
A busca pela verdade
Bento XVI, ao meditar sobre as bem-aventuranças, resume bem a ideia sobre a busca pela verdade:
“Edith Stein disse uma vez que quem procura honesta e apaixonadamente a verdade está a caminho de Cristo. De tais homens fala a bem-aventurança — desta sede desta fome, que é bem-aventurada, porque conduz o homem para Deus, para Cristo, e portanto, abre o mundo para o Reino de Deus”.
Essa busca pela verdade é fundamental para a salvação, ou seja, o coração aberto e disponível é o fator principal para que o Espírito Santo de Deus possa conduzir a vida de alguém, mesmo que esse alguém ainda não entenda completamente como isso funciona.
O pecado contra o Espírito Santo
Mas há um limite para a misericórdia de Deus, que não pode perdoar a blasfêmia contra o Espírito Santo (Cf. Mt 12,31).
São João Paulo II, ao falar sobre o Espírito Santo na Igreja, na Carta Encíclica “Dominum et vivificantem”, nos ajuda a entender o que é esse pecado que não tem perdão e leva à condenação.
Trata-se de uma situação de ruína espiritual, porque a blasfêmia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que ele próprio se fechou e abrir-se às fontes divinas da purificação das consciências e da remissão dos pecados. A ação do Espírito da verdade, que tende ao salvífico “convencer quanto ao pecado”, encontra no homem que esteja em tal situação uma resistência interior, uma espécie de impermeabilidade da consciência. Um estado de alma que se diria endurecido em razão de uma escolha livre: é aquilo que a Sagrada Escritura repetidamente designa como “dureza de coração”.
Enfim, seja dentro ou fora da Igreja Católica, os “duros de coração” não herdarão o Reino de Deus. Sendo assim, rezemos juntos: Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso!