Percebemos em nossas igrejas uma grande quantidade de fiéis na fila da Comunhão, mas será que todos estão nas condições adequadas para comungar? O que importa não é se estamos comungando muito ou pouco, mas se estamos comungando bem. Comungar estando na graça de Deus, comungar com fé, comungar consciente da grandeza do Criador e da baixeza da criatura, comungar temendo ofendê-lO e, ao mesmo tempo, querendo amá-lO. Será que ao comungar você e eu estamos com essas inclinações?
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Não podemos comungar de qualquer jeito
Analisando o que apontam alguns comentários de Santo Tomás de Aquino, percebemos que quanto mais devotos forem os cristãos, mais frequentes serão as suas comunhões. Entretanto, para entendermos se é bom ou ruim que tantas pessoas comunguem, o que importa é analisar não o tamanho das filas para a comunhão, mas o estado da alma de quem vai comungar. Não podemos cair no grave pecado da comunhão sacrílega.
O que é a comunhão sacrílega?
Você e eu precisamos entender que quem cometeu pecados veniais, mesmo tendo ofendido a Deus, pode comungar. Porém, quem cometeu um pecado mortal, se for comungar sem arrepender-se e confessar-se devidamente ao sacerdote comete um sacrilégio. Talvez você se pergunte: mas o que é um sacrilégio?
A seguir falaremos de dois extremos que acontecem nas igrejas: por um lado, os que comungam de qualquer jeito e por outro, os que deixam de comungar por qualquer coisa.
Comungar de qualquer jeito
Você já deve ter ouvido muita gente dizer: “eu estava em pecado grave, mas comunguei mesmo assim, porque eu senti grande necessidade de me aproximar do Senhor”. Tais pessoas não entendem que o vazio e a sede espiritual que sentem não serão preenchidos com uma comunhão sacrílega, mas somente com um verdadeiro arrependimento dos pecados e com a devida Confissão. Comungar em estado de graça e com fé traz todos os benefícios espirituais que nutrem a alma através deste tão sublime Sacramento.
Deixar de comungar
O outro extremo dessa questão é o excesso de escrúpulos, que acontece quando a pessoa acha que por qualquer falta leve já ofendeu gravemente a Deus. Muitos acabam deixando de comungar por causa disso, o que gera grande prejuízo espiritual.
A Igreja não quer impor barreiras à ação da graça de Deus
A Igreja não quer impor barreiras e afastar as pessoas de Deus, mas é fundamental que se fale do grande mal que são as comunhões sacrílegas. Santo Ambrósio nos diz que a Hóstia consagrada é verdadeira medicina espiritual e vigor para os fracos e isso é verdade. Mas também é verdade o que a Palavra de Deus diz: “quem come e bebe indignamente o Corpo e o Sangue do Senhor, come e bebe a própria condenação” (1Cor 11, 29).
Santo Tomás de Aquino explica que “nem todas as medicinas são boas para todas as enfermidades”. Da mesma forma que um paciente na UTI não tem condições de comer um prato de feijoada, também não são todas as pessoas que devem tomar o remédio eucarístico.
Comunguemos com fé
Lembremos do famoso episódio da mulher hemorroíssa (cf. Mc 5, 25-34), uma mulher que, no meio duma multidão que acotovelava Jesus e O movia de lá para cá, foi a única a receber do contato com Ele força divina para curar a sua enfermidade. O segredo daquela mulher simples era sobretudo a sua fé e, também hoje, para que nossas comunhões sejam verdadeira união com Deus, é essa fé que devemos pedir a Ele.
Também assim o centurião alcançou a cura de seu servo (cf. Mt 8, 5-13) e a fé daquele homem recebeu um grande elogio de Jesus. Até hoje, repetimos com ele antes da comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas uma só palavra e serei salvo”.
Sem fé não há milagre e não somos verdadeiramente nutridos pelo Pão da Vida. Pense nisso antes da sua próxima comunhão.