Por que dizem que os católicos adoram imagens? Uma resposta para colocar as coisas no seu devido lugar
Algumas seitas acusam que os católicos adoram imagens e utilizam os mais variados argumentos para sustentar esse engano. Hoje reuni argumentos suficientes para tirar qualquer dúvida, valendo-me do que o próprio Deus disse, também pela análise dos santos e apóstolos, e na autoridade do magistério da Igreja. Basta ter humildade e fé para entender que a Palavra de Deus não deve ser instrumento nas mãos de quem quer interpretá-la do seu jeito, para os seus interesses.
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Afinal, por que dizem que os católicos adoram imagens?
É muito antigo o uso de imagens e quadros religiosos nas igrejas e também dentro das casas dos fiéis. Entretanto, essa devoção às imagens causa uma polêmica que deve ser desfeita com conhecimento e caridade. A acusação é de que os católicos adoram imagens e dedicam a elas um culto que ofende a Deus.
Vamos esclarecer as dúvidas fazendo um passeio pela história sagrada do Antigo ao Novo Testamento, interpretando segundo o magistério da Igreja.
O bezerro de ouro e o exemplo da verdadeira idolatria
O trecho das Sagradas Escrituras mais usado para acusar os católicos de idolatria está em Ex 20, 3-5a: “Não terás outros deuses diante de minha face. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto“.
No primeiro mandamento da Lei de Deus já fica clara a proibição de todo o tipo de imagens apresentadas como divindade. Este mandamento inicia-se dizendo “Não farás para ti outros deuses diante de mim”, o que também significa “não fabriques nenhum ídolo”. Mesmo assim, o povo de cabeça dura, logo depois de prometer que iria cumprir a lei, fabricou um bezerro de ouro e o adorou como se fosse um Deus. E era exatamente nessa prática que estava a proibição de Deus que, por causa deste pecado de idolatria, decidiu destruir aquele povo.
Somente através da intercessão de Moisés foi alcançado o perdão de Deus (Cr. Ex 32, 1-14). Deus dá também um alerta aos israelitas quanto às imagens que eles venham a encontrar entre os povos pagãos: “Queimareis as esculturas dos seus deuses e não cobiçareis o ouro nem a prata que as recobrem” (Dt 7,25).
A proibição permanece de pé no Novo Testamento
A mesma intenção e o mesmo objetivo dessa proibição permanecem de pé no Novo Testamento e a Palavra nos mostra que os cristãos evitavam todo o uso de imagens que pudessem ser objeto de adoração. No seu discurso em Atenas, São Paulo diz com firmeza:
“Se, pois, somos da raça de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra lavrada por arte e gênio dos homens” (At 17, 29). São João também exorta com amor: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos!” (1Jo 5,21).
Estava muito claro para a Igreja nascente que a adoração era devida somente a Deus e, por isso, muitos cristãos foram martirizados pelo Império Romano por se recusarem a adorar os ídolos.
Antes de qualquer acusação aos católicos, é preciso que todos entendam o real sentido da idolatria e fazemos uma pausa para meditarmos sobre a frase de Pe. Henry Vargas Holguín:
O motivo da proibição do Antigo Testamento
Isaías ridiculariza os ídolos e aqueles que os adoram (Is 44, 9-20). Afinal, o Senhor é o único Deus e não fica resignado a ser apenas o primeiro entre os deuses. Ele é o único Deus e os falsos ídolos não passam de um grande nada. Por isso, era proibido tentar representar Deus com imagens que levavam as pessoas a achar que o Senhor tivesse a forma de um objeto ou fosse uma criatura. Este mandamento previne o povo para que não adore um erro e não aceita que a confiança esteja em objetos materiais. Portanto, a plena confiança deve estar no Deus único, vivo e verdadeiro, que não é um ser material, mas uma realidade espiritual que permeia todas as coisas criadas por Ele mesmo.
Já entendemos claramente a proibição de se adorar imagens como se fossem Deus, mas você sabia que existem ocasiões em que a fabricação de imagens não só é permitida, como também exigida por Deus?
Quais são as imagens autorizadas por Deus?
Adorar imagens em si mesmas como se fossem Deus é proibido, mas usá-las como sinal da presença de Deus é permitido. Dessa forma, o próprio Deus ordena a fabricação de objetos e imagens. É o caso da Arca da Aliança, com seus querubins de ouro e o propiciatório, também de ouro puro (Ex 25,10-22). Nenhum desses elementos foram adorados como Deus, mas foram sinal da presença do Senhor.
Por sua fraqueza, o povo precisava (e nós também ainda precisamos atualmente) desses sinais perceptíveis por nossos sentidos. Sendo assim, recorria-se à Arca de Deus para fazer oração porque ela era sinal da presença do Senhor. Prova disso é que a própria tenda do encontro foi construída por ordem divina e estava cheia de imagens. O Templo de Jerusalém também as tinha, e fica claro que elas não violavam a proibição decretada por Deus.
A serpente de bronze
A serpente de bronze foi fabricada por Moisés por ordem do próprio Deus em Ex 21,8: “Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo” (o próprio Jesus Cristo menciona aquela serpente de bronze como símbolo dele mesmo).
É claro que não era a serpente de bronze que tinha alguma virtude especial para curar o povo e ser adorada por isso. Olhar para ela era um ato de fé e de confiança na promessa de Deus. Aliás, mais adiante, o povo se desvia dessa intenção e começa a prestar culto à própria serpente. É neste momento que Ezequias manda destruí-la (2Rs 18,4).
Os católicos não são idólatras
A Palavra de Deus sempre acusou os ídolos adorados pelos pagãos e não as simples imagens devocionais. Por isso, em 787, o Concílio de Niceia justificou o culto das sagradas imagens, reconhecendo que, ao se encarnar, o Filho de Deus inaugurou uma nova “economia” das imagens.
O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 2132 nos diz que “O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. De fato, a honra prestada a uma imagem se dirige a quem ela representa, e quem venera uma imagem venera a realidade nela reproduzida. A honra prestada às santas imagens é uma veneração respeitosa, e não uma adoração, que só compete a Deus”.
O Deus do Antigo Testamento não podia ser visto, mas a partir de quando se revelou em forma humana, Cristo se tornou “a imagem visível do Deus invisível”, como diz São Paulo (Col 1,15). A partir daí, a permissão de usar imagens que representam a divindade assume um caráter novo, graças ao fato da Encarnação do Filho de Deus. Deus continua sendo puramente espiritual, mas assumiu uma natureza humana, que é material. Por esta razão, é lógico representá-lo para lhe dar culto (Catecismo da Igreja Católica, 1159 e 2129).
E as imagens dos santos?
Precisamos entender que uma imagem representa o Filho de Deus ou outras pessoas intimamente relacionadas com Ele. Dessa forma, é lícito representar com imagens a Virgem Maria e os santos. A imagem é simplesmente uma representação e uma lembrança daquelas pessoas: quando se ora diante de uma imagem, não se cultua o objeto, não se fala à materialidade da imagem, mas se rende culto a Deus (culto de latria), a Maria (culto de hiperdulia) ou aos santos (culto de dulia). Diz o II Concílio de Niceia, de 787 (sessão 7ª, 302): “A honra tributada à imagem se dirige a quem ela representa” (Denzinger, pág. 155).
Na Igreja, de maneira justa, veneramos os santos porque eles merecem o nosso respeito, admiração e gratidão. Através de suas imagens, nós os recordamos e, ao mesmo tempo, eles nos trazem à mente verdades religiosas de grande proveito espiritual, dizendo-nos algo relacionado com as suas vidas. Por exemplo, graças às imagens podemos recordar quem era o santo (leigo, religioso, bispo etc.), que virtude ele mais praticou (pureza, desapego, humildade etc.), o que o tornou santo (martírio, estudo, missão etc.). Assim também, ao vermos uma imagem da Mãe de Deus, vem à nossa memória que, no céu, nós temos uma mãe imaculada que nos ama, que intercede por nós e que nos incentiva a levar uma vida santa.
Dizer que os católicos adoram imagens é, no mínimo, hipocrisia
Chegando ao fim deste conteúdo, é necessário que fique claro que as imagens são uma espécie de retrato de entes queridos, a quem recordamos com respeito e carinho. Quando beijamos a foto dos nossos entes queridos que já partiram ou que estão longe, não é a foto em si o que estamos homenageando: estamos recordando, pensando e sendo carinhosos com os nossos entes queridos ali representados.
Também há nos livros de história diversos retratos de grandes personagens para que os leitores os conheçam e, caso tenham sido bons, admirem e imitem; não há nisso mal nenhum.
Além disso, vemos em muitos edifícios e praças públicas estátuas de grandes heróis a cujos pés são colocadas flores. Quem critica este gesto? Quem afirma que todas as pessoas que praticam esse gesto estão “adorando imagens”? Sabemos que, na verdade, o que elas fazem é homenagear e recordar com respeito essas pessoas, dignas, para elas, de lembrança e de respeito.
Os santos, através das suas imagens, não são adorados, mas sim venerados. A adoração é reservada somente a Deus e ponto final!